Wednesday, January 04, 2006

Pobres Telespectadores

Essas coisas devem incomodar meia dúzia de pessoas, a maioria nem deve se tocar. Você lembra de ter ouvido algum apresentador de telejornal dar essa notícia com entusiasmo - o entusiasmo é importante -, como se fosse algo de suma importância para a grande massa do povo brasileiro: "A bolsa de valores subiu hoje tantos pontos percentuais e ultrapassou a barreira dos tantos mil pontos!" Que maravilha, não é? Isso me deixa tão satisfeito! Com os milhões que eu tenho aplicado na bolsa de valores, essa era a notícia que eu - e certamente outra centena de milhões de brasileiros estavam esperando para ouvir.

O que me insulta não é o fato deles darem a notícia, afinal, notícia é notícia, e como tal deve ser veículada, o que me irrita é o ar de satisfação; como se fosse uma grande notícia. Dar ênfase para alguma coisa que não representa absolutamente nada para a quase totalidade da população brasileira. Claro, é certo que alguns milhares devem ter capital investido na bolsa, mas um telejornal popular desses é transmitido para, digamos, 100 milhões de brasileiros, ou seja, o percentual de interessados é menos do que insignificante; menos do que ridículo; menos do que pífio; menos do que desprezível.

Que jornalismo pouco inteligente esse nosso, ou que jornalismo elitista que não consegue enxergar um palmo na frente do nariz. Isso é notícia para jornal especializado em economia, ou, vamos admitir, para jornal veicular depois da meia-noite, fornecendo só os índices do dia, preferêncialmente numa tela sem maiores comentários, nunca para ser manchete de telejornal em horário nobre. Pois aqui é manchete, e é manchete diária. Pobres jornalistas brasileiros, ou pior, pobres telespectadores brasileiros...

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